Em primeiro lugar, graça e paz meus irmãos! Dias atrás recebi um e-mail
da minha irmã com um texto do Max Lucado. Pra quem não conhece o Max, ele adora
aprofundar nas histórias bíblicas utilizando a imaginação e a graça de Deus
para nos mostrar toda emoção envolvida em cada narrativa.
Neste texto ele mostra o dilema que Jesus viveu quando teria que assumir
o seu ministério. Nessa brilhante narrativa, Max nos leva a entender o porquê
de Jesus ter partido em sua missão.
Espero que o texto edifique a vida de vocês.
Ele deixou a carpintaria...
Imagino o que ele pensou ao dar a última olhada na sala. Talvez tenha
parado por um instante na bancada, olhando para a pequena sombra projetada pelo
cinzel e os cavacos de madeira. Talvez tenha prestado atenção nas vozes do
passado que enchiam o ar.
Fico pensando se ele hesitou. Se seu coração estava partido. Se segurou
algum prego nas mãos pensando na dor que sentiria...
A partida deve ter sido difícil. Afinal de contas, a vida de carpinteiro
não era ruim. Não era ruim mesmo. Os negócios iam bem. O futuro era brilhante,
e o trabalho era agradável...
Fico pensando se ele quis ficar. "Poderia fazer um bom trabalho
aqui em Nazaré. Estabelecer-me nesta cidade. Ter uma família. Ser um líder da
comunidade."
Penso assim porque sei que ele já havia lido o último capítulo. Ele
sabia que os pés que se afastariam da sombra segura da carpintaria não
descansariam até que fossem perfurados e pregados numa cruz romana.
Sabe, ele não precisava partir. Ele tinha escolha. Poderia ter
permanecido. Poderia ter ficado de boca fechada. Poderia ter ignorado o chamado
ou no mínimo deixado pra depois. E, se tivesse optado por ficar, quem saberia?
Quem o culparia?
Mas o coração não o deixaria fazer isso. Se houve alguma hesitação da
parte de sua humanidade, ela foi vencida pela compaixão de sua divindade. Sua
divindade ouviu as vozes. Sua divindade ouviu o clamor desesperado do pobre, as
acusações amargas do abandonado, o desespero da incerteza daqueles que tentam
salvar a si mesmos.
E sua divindade viu os rostos. Alguns franzidos. Alguns chorosos. Alguns
ocultos por trás de véus. Alguns obscurecidos pelo medo. Alguns sinceros em sua
busca. Alguns pasmos diante do tédio. Do rosto de Adão à face da criança que
nasceu em algum lugar do mundo enquanto você lia estas palavras, ele viu a
todos.
E você pode estar certo de uma coisa. Dentre as vozes que ecoaram
naquela carpintaria em Nazaré, estava a sua voz. Suas orações silenciosas,
feitas num travesseiro manchado de lágrimas, foram ouvidas antes mesmo de serem
feitas. Suas dúvidas mais profundas sobre morte e eternidade...
Ele partiu por sua causa.
Em Jesus,
Samuel Yohei
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